Deus criou a mulher de forma toda especial. Ao formar o homem, Ele utilizou-se de elementos naturais, como o barro, porém a mulher foi tirada de outro ser. É por isso, que ela mantém um anseio pelo contato humano e os relacionamentos ganham uma importância tão grande no universo feminino.
Desde a infância ela se compraz em criar laços de amizade e companheirismo, até que o casamento e a maternidade venham coroar os anelos de sua alma.
Com altruísmo ela se dedica ao homem que a escolheu e que foi escolhido por ela para ser seu companheiro, fazendo de seu lar um ninho onde o amor conjugal é celebrado. Infelizmente, o tempo esse vilão indomável carrega a juventude e, entre os vincos da idade, quantas mulheres não vem seu sonho ser arrebatado pela morte prematura ou então, partir para os braços de outra...
Com desvelo e prazer a mãe cuida daqueles seres tão pequenos e dependentes, guarda as roupas e brinquedos que eles deixaram espalhados pela casa, prepara o alimento, etc. Como ela é ocupada, como se sente útil! Porém, os anos passam com tanta rapidez, que ela não percebe que os filhos cresceram, ganharam sua liberdade e, aos poucos se foram...
Muito mais cedo do que ela gostaria, um dia a mulher se encontra com o vazio do lar outrora barulhento e somente o eco de sua voz ressoando nos cômodos vêm lhe responder. Ah, que saudade do som das gargalhadas infantis! Ao invés de sentir-se feliz pela missão cumprida, uma tristeza junta-se ao sentimento de inutilidade vindo instalar-se em seu coração.
Foi pensando nessas mulheres que, um dia Deus me deu o que transcrevo a seguir:
A solidão pode ser divina...
A solidão pode ser um fardo pesado,
A solidão pode se tornar um vazio inexplicável,
A solidão pode gerar amargura na alma,
Mas, a solidão pode ser uma boa companheira...
Aquela companheira que nos visita sem falar nada,
Mas que nos faz lembrar os dias anteriores com saudade;
Aquela companheira capaz de trazer de volta a alegria
De possuirmos lembranças que fazem a vida valer a pena!
Aquela companheira que nos inspira a sermos valorosas,
Que nos ajuda a caminhar apesar das tristes experiências;
Pintando nossa imagem com a perícia de uma obra de arte
Fazendo do tempo, uma escola de preparo para a maturidade.
Aquela companheira que fala ao pé do ouvido no silêncio
Que nas noites vazias, enche-nos o coração de sonhos;
E, quando a rejeição insiste em dilacerar-nos a alma,
Ela vem com seus braços amorosos e nos enxuga as lágrimas.
Ah, bendita solidão, que nos leva ao altar da oração;
Que mantém nossa alma dobrada á vontade divina;
Que nos ensina a depender da doce presença do Espírito;
Que nos prende nas teias da melancolia,
para libertar-nos das algemas do pecado.
Ah, solidão tão temida, tão indesejada, tão inesperada!
Queima como uma fornalha, derrete meu coração como cera;
E me coloca nas mãos do Divino Oleiro para ser moldada;
Para que no silêncio eu seja quebrada,
para que no vazio eu enxergue a Luz!
Doce solidão, incompreensível às vezes;
Mas, quase sempre palpável, cruel...
Não vou permitir que sua chegada marque um final;
Mas que anuncie um novo começo...
Não vou permitir que a tristeza seque meu vigor;
Mas estenderei meus ramos, apesar de tudo vou frutificar...
Produzirei sombra com abundância e muitos virão para se abrigar.
Como uma árvore forte, que suportou os vendavais, continuarei de pé...
Alguns ramos se quebrarão, alguns frutos se perderão,
Mas a força do Senhor será bastante para manter vivas minhas raízes
e por elas, eu continuarei a viver.